Acho que é saudade que eu sinto. Só sinto isso.
Me recordo com grande aperto no coração, de uma maneira levemente positiva, porém intensa;
De coisas e gestos vagos que fiz a mais ou menos um ano atrás. Um ano. Um ano meu Deus!
Já se passou um ano. No que me transformei?!...
Não sinto falta porém do sentimento estranho e impossível de se descrever daqueles dias, daquelas tardes e daquelas noites. Marcaram muito.
Uma mistura estranha de dor, de ansiedade, de desespero de incerteza, tudo muito estranho, porém não novo, mas diferente. É o devir.
Sinto falta de acordar mais ou menos tarde, sentir metículosamente cada passo em direção a algum lugar, o olhar atento à todas as paredes e portas, sem enxergar nada.
Lavar os cabelos bem devagar... observar a água cair... Tudo em câmera lenta.
Não ouvir nada além dos pensamentos que, aliás, não faço ideia de quais eram.
Pegar a bolsa azul que agora está cheia de objetos de uso no banheiro, e que antes estava cheia de todo tipo de guloseimas, garrafas de água e papéis... réguas também. Canetas, quantas canetas! lápis, borracha e apontador.
Sempre a mesma roupa. As três vezes... aliás, cinco!
No carro lembro de olhar sempre para fora. De fugir dos semblantes dos meus pais. Não escutava música, mas qualquer coisa soava em minha cabeça.
Via os carros, e prestava atenção nos números dos ônibus que passavam do outro lado da pista.
Chegava geralmente com umas duas horas de antecedência e ficava descansando os olhos deitada no banco de trás, ou completamente nervosa no portão. Ou conversando tranquila também. Depende.
Na volta, nunca sabia de mais nada. Ficava completamente perdida.. via os tudo passando muito de pressa, as pessoas falando, as pessoas perguntando, o mundo todo gritando... e tinha vontade de sumir ou fazer todo mundo calar a boca!
Quando eu chegava era péssimo! Ligava o computador e esperava uns 10 minutos pelas correções e gabaritos.
Mas as emoções destes, e dos adventos posteriores, não cabem aqui.
Mas as emoções destes, e dos adventos posteriores, não cabem aqui.
Sim. Sinto falta desses detalhes. De pegar o lápis, passar a caneta... olhar pro teto... olhar bem fundo nos olhos do... do cidadãozinho que ficava na sala.
Sinto falta das pequenas coisas que eu fiz e que se tornaram parte de mim. que se perderam de mim e que influíram no que sou.
Sinto falta do meu olhar, dos meus pensamentos, dos meus gestos.
Sempre sentirei saudades de tudo que tive e nunca mais poderei ter.
Ela vai mudar,
vai gostar de coisas que ele nunca imaginou,
vai ficar feliz de ver que ele também mudou...
Bidê ou Balde - Mesmo que mude ♪