Praticamente curada. Não entendo muito de biologia, mas posso sentir;
E até descrever sobre o corte certeiro e profundo.
Tão profundo que quando feito, começou a jorrar sangue. Não quis mexer no ferimento, nem sofrer qualquer interferência no processo de cicatrização, por isso, tratei de deixá-lo afastado de pomadas, algodões e dedos alheios. Queria observar a natureza agir sozinha, então coloquei a cargo de minhas queridas plaquetas o árduo trabalho de fazer estancar o sangue. Uma vez feito isso, lavei com água corrente. Dizem que é bom. Mas, com os movimentos que são necessários fazer-se na vida, o sangue
voltou a minar, de leve, só pra sujar a roupa mesmo. Pensei que logo secaria, mas pelo contrário, as
bordas tornaram-se vermelhas e por dentro, uma infecção se alastrava formando pus.
Deixei a natureza seguir seu plano adiante, até não conseguir mais aguentar a dor e o mal cheiro.
Então, quando não pude mais suportar, cutuquei, retirando assim, toda a gosma fétida do meu corpo.
Não adiantou lá muita coisa, mas estava finalmente se fechando o corte quando...
De súbito, recebi outra punhalada pelas costas.
No mesmo lugar. Dessa vez, corte ainda mais profundo.
Doeu mais, de fato. Talvez, por causa do peso das mãos que me feriu. Por ter cortado mais fundo. Ou por ferir no mesmo lugar.
Não saiu sangue, porém. A ferida ficou aberta por longo tempo. Exposta. Não me dei o trabalho de dar pontos dessa vez. Não por querer observar de novo o trabalho da natureza, mas por não ter forças para procurar um médico. O machucado agora, foi se fechando meio torto, deformado, cheio de impurezas e bactérias... Doeu muito. E insuportavelmente. Não tomei antibióticos. Analgésicos.
A coisa começou a ficar feia. Meio escura, estranha... Ao ponto de eu não conseguir mais olhar para ela. Cobri com um curativo. Coloquei um pano branco por cima. Deixei lá, e nunca mais olhei.
Certo dia, senti uma dor extremamente aguda. Num grito de desespero, levantei, espiei por debaixo do
pano. A parte afetada do meu corpo estava em processo de necrose. Respirei fundo, e cobri de novo.
Acho que vou ter de amputar. Ou a infecção pode se generalizar, e tomar conta de todo o corpo. Antes perder a parte que o todo.
Já perdi muitas coisas na vida, por diferentes motivos...
Não vou me perder assim, de graça, para bactérias!
Aliás, aproveito que vou ao médico, finalmente, e já me vacino contra o Tétano.
Mas que beleza,
Deus, que perfeição!
Judas e ajudas se completam na evolução...
- Não me leve a mal ♪
Wanessa Camargo