Chegando em Hortolândia, na casinha alugado pelo tio, descansou.
A mulher fez um ovo frito no melhor fogão da época - Continental 2001 - e dividiu pros dois, com um pouco de arroz e feijão requentado.
Logo conseguiu emprego na produção da Confibra, enquanto a mulher trabalhava na lanchonete da IBM.
Mas as mesas, cadeiras, computadores, paredes e chão todos iguais, inclusive as pessoas, fizeram com que ela pedisse demissão no final do quinto mês de monotonia.
Foi trabalhar assim, na linha de produção da Ibras CBO, onde aprendeu habilidades para dar às máquinas a atenção necessária que a faria comer no dia seguinte.
Ele foi trabalhar na Produr. Era melhor. E foi lá que lhe deram a oportunidade de ser vigilante. Cargo muito bom; se ganhava bem na época.
Fez cursos então, e o prometido lhe foi cumprido: Em menos de um mês estava trabalhando como vigia, e em dois, como vigia noturno. Subiu rápido o rapaz.
Conseguiu emprego em outra empresa de vigilância, melhor. Tirou carta.
Mas com a inflação, teve de trabalhar em dois empregos - Vigia e vigia noturno - para sustentar a filha que estava chegando.
A mulher trabalhou firmemente até os oito messes de gestação. E a 13 de janeiro de 1992, deu a luz uma menina forte e saudável.
A então mamãe, daria uma história à parte.
Ele passou a pai coruja; e recebendo outra promessa de futuro promissor, passou a aumentar a categoria de sua habilitação.
Seu Oliveira cumpriu a promessa, e lhe deu a oportunidade. Saiu de vigilante, para motorista na Air Liquide. Primeiro em vans... Depois em caminhões baú lonado.
Viu todos os dias, do mais rico ao mais pobre, o que é precisar, absolutamente, de oxigênio.
Os mais ricos, sempre mais afetados, lhe davam as maiores gorjetas, por salvar seus familiares todos os dias.
Os mais pobres, sempre mais desesperados, sempre eram amáveis a ponto d'ele lhes dar suas gorjetas, e receber por gratidão algum pedaço de bolo ou pão.
Chegou ao ápice. À sua Era de Ouro.
Se sentia útil e orgulhoso, todos os dias, por ser o responsável por mais um dia de vida de centenas de pessoas.
Isso lhe fazia tão bem, a ponto de sua filha, contagiada, prometer que no futuro, trabalharia lá dentro da empresa francesa, para continuar seu legado. Como administradora talvez.
Pensou isso em sua inocência. Ainda não sabia o que uma administradora tinha de fazer. Mas isso também daria outra história.
Ninguém sabe ao certo por quê.
.... Mas depois da bonança, veio a tempestade. Contrariando bravamente os preceitos da bíblia....
Algus dizem que foi por inveja alheia. Olho gordo... e de gente estranha não, de parente.
Eu não dúvido. Não vou pagar pra ver. Jamais colocaria minha mão no fogo. Mas........
O certo é que, depois de uma série de más-sorte, várias batidas e uma capotagem, inevitavelmente, a carta de demissão veio. E com ela as lágrimas.
O pai chorou amargamente. Foi a primeira vez que vi meu Super-Herói desabar....
...Continua...